16 fevereiro, 2010

Quinta da Regaleira* Regaleira Estate

Situada em Sintra, um dos Lugares mais Simbólicos da Maçonaria em Portugal.

Enquanto representação do cosmos, o jardim é aqui revelado pela sucessão de lugares imbuídos de magia e mistério. A demanda do paraíso é materializada em coexistência com um mundus inferus, um dantesco mundo subterrâneo, ao qual o neófito seria conduzido pelo fio de Ariadne da iniciação.

Concretiza-se entre os vários cenários a representação de uma viagem iniciática, qual vera peregrinatio mundi, por um jardim simbólico onde podemos sentir a Harmonia das Esferas e perscrutar o alinhamento de uma ascese de consciência, em analogia com a demanda do Ser que ressalta das grandes epopeias.

Nestes domínios vislumbram-se referência à Mitologia, ao Olimpo, a Virgílio, a Dante, Milton, a Camões, à missão templária da Ordem de Cristo, a grandes místicos e taumaturgos, aos enigmas da Arte Real, à Magna Obra Alquímica.

Vemos uma Torre invertida “Poço Iniciático”, que se afunda cerca de 27 metros no interior da terra. Configura-se como um espaço de sagração, de conotações herméticas e alquímicas, onde s e intensifica a relação entre a Terra e o Céu. Com vários percursos subterrâneos, um P atamar dos Deuses, é marcado pelo alinhamento de estátuas de divindades clássicas, figurando Fortuna, Orfeu, Vénus, Flora, Ceres, Pã, Dionísio, Vulcano e Hermes. Dentro de uma vasta floresta de árvores e plantas oriundas de várias partes do mundo, Magnólia, Fetos-arbóreos, Camélia, Cedrus, Araucária, Cipreste, carvalho, Castanheiro-da-índia, Pinheiro, Saquoia, Sobreiro e outros. Várias grutas, labirintos, fontes, capela, prisões, lagos, cascatas, uma estufa botânica, dedicada à deusa Flora. A fachada ostenta um painel de azulejos que representa seis sacerdotisas oficiando um rito de fertilidade. Um portal dos guardiães, oficina das artes, cocheiras, cavalariça e vacaria e o Palácio com um terraço panorâmico, são rematados por oito pináculos profusamente decorados com figuras naturalistas e fantásticas. Num dos pináculos virado ao oceano, figura o poeta Luís de Camões.

Esta simbologia de pedra, cinzelada pelas mãos de construtores de Templos imbuídos num verdadeiro espírito de Tradição, revela a dimensão poética e profética de uma Mansão Filosofal Lusa.
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1 comentário:

BLOG DO JOÃO SÁVIO disse...

Belíssima opinião, Carmem Lara. Sou apaixonado pelo conhecimento maçônico, pela observação detida das coisas, às vezes até um pouco demais, mas muito do que diz seu texto eu não havia percebido ainda na Arte Real. Muito bom mesmo. Fiquei fã. Vou linká-lo como dos meus blogs recomendados. Aguardo sua blogvisita e comentários. abs